Um Sonho de Liberdade*

Nunca fui um papagaio muito emotivo, ou de muitas ambições, até alguns meses atrás, antes de minha morte. Era conhecido por ter as mais belas penas do viveiro onde nasci, e tinha muito orgulho disso. Lembro que o ancião do viveiro sempre dizia que muito em breve eu sairia dali, e iria pra algum lugar com muito espaço, comida farta, um poleiro novinho e viveria feliz. E, finalmente chegou o dia: uma mulher veio, olhou o viveiro inteiro, depois pra mim e disse: “Aquele ali”. E foi então que iniciei o que pensava ser uma jornada rumo a uma vida feliz em liberdade, sem imaginar que estava embarcando rumo ao meu destino final.

Lembro da primeira vez que vi minha dona: olhei pelo buraco da caixa de papelão e vi uma menina magra, aparentemente meiga, toda arrumadinha. Ela abriu a tampa da caixa e vi seu olhar, por trás daqueles óculos, fundo de garrafa, perder o brilho rapidamente. “Isto é um papagaio!" – gritou ela – “Eu quero um cachorro!”. “Bruninha, eu já te falei que cachorro eu não compro” – respondeu a mulher que me trouxera do viveiro, dirigindo-se à porta. “Além de ser alérgica a pêlos, nós moramos no décimo andar. Estou saindo pro trabalho, até a noite!”. Em protesto, a menina arrancou-me uma pena da cauda. Bateu o pé, choramingou, e subiu para o seu quarto, me sufocando em seus braços. Já havia perdido a esperança de um futuro feliz com sombra e água fresca, mas o pesadelo mesmo começou quando ela me atirou em uma gaiola apertada e suja, e gritou: “Você é um cachorro, e vai se chamar Rex!”.

Daquele dia em diante, iniciou-se uma torturante rotina de passeios diurnos guiado por uma coleira, uma tigela de ração e outra de água por dia, e muitas, muitas penas arrancadas, na esperança de que um dia, talvez nascesse algum pêlo em meu corpo. Mas o mais humilhante de tudo, foi a tentativa de adestramento. Andar, parar, deitar, rolar, fingir de morto, como entender aquilo tudo? Ao ouvir cada ordem, cada comando, a única coisa que eu conseguia, ou mesmo sabia fazer, era repeti-las, o que fazia com que ela tivesse grandes acessos de raiva. E, então, mais penas arrancadas.

Acabei aprendendo a gostar da ração, já nem sentia mais as poucas penas restantes serem arrancadas, e os passeios diários eram a única coisa que realmente que ainda me causava algum sentimento, davam-me esperanças de um dia conseguir me desvencilhar daquilo tudo e conquistar a tão sonhada liberdade. A chance finalmente surgiu quando, um dia, ela colocou a gaiola em cima da mesa, para trocar a água e colocar minha coleira pra passear, como de costume. Demorei um bom tempo pra entender aquela sensação que tomou conta de mim, alguma coisa estava diferente, mas não conseguia perceber o quê, até que me dei conta que o barulho dos carros estava mais alto do que de costume. A janela aberta, bem ao lado da mesa! Pela primeira vez pude ver nitidamente, sem aquele vidro escuro fechado, a luz do sol invadindo a gaiola, as árvores balançando ao vento, o som de pessoas e de trânsito lá embaixo. Era minha chance, não podia perdê-la de jeito nenhum! Respirei fundo, e esperei.

Foi então que ela, como esperado, abriu a portinhola para colocar a tigelinha de água, e me pegar pra mais um passeio matinal. Súbito, dei-lhe uma bicada na mão, que a fez pular pra trás e gritar. Saí da gaiola e me pus a correr em direção à janela, ganhando mais e mais velocidade, até saltar, asas abertas, finalmente livre, sentindo o vento nas... Penas!!

O ímpeto de me libertar daquela prisão não me permitiu perceber que já havia me acostumado tanto às penas arrancadas, que esqueci completamente de uma das funções básicas delas: me permitir voar. Enfim, a liberdade veio, não através do grande céu aberto, mas de outra prisão, muito breve, entre o asfalto e o pneu de um veículo qualquer. Livre da gaiola, e do corpo castigado, pude finalmente encontrar a paz.

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(*) Texto escrito em conjunto com os colegas Ariane Rauber, Mauricio Thomsem e Vivian Dal’Alba, trabalho da cadeira de Português III da facul, a partir de personagens criados por Wesley Kuhn, Mayara Bortolotto e Lucas Ladwig:

"Uma criança que foi mimada demasiadamente pelos pais. Egoísta, chorona e rica, não poupa esforços para conseguir o que deseja. É muito magra, e usa óculos “fundo de garrafão”. É muito chata, e por isso não tem amigos, só um papagaio. Não tem irmãos, seu pai morreu e sua mãe passa muito tempo fora de casa e, para compensar isso, enche a criança de presentes. Nome da criança: Bruna"

Ouro de Tolo

Meses atrás, conversando com uma amiga, deparei-me com a seguinte declaração: “se os homens fossem dinheiro, o mundo estaria cheio de notas falsas...”. Imediatamente rebati a sentença dizendo: “haveria algumas notas verdadeiras por aí... só que ainda assim seriam apenas pedaços de papel...”.

Nunca tinha relacionado dinheiro e pessoas desta forma, e apesar de serem coisas à primeira vista totalmente distintas, pode-se fazer um paralelo interessante a respeito. Foi o que descobri logo após a conversa com minha amiga, quando parei e comecei a refletir a respeito destas duas afirmações acidentais.

Analisando isoladamente cada um, encontramos diferenças óbvias, afinal pessoas são seres vivos, e não objetos, como o dinheiro; são orgânicos, respiram, se movem e etc., ao contrário, obviamente, do dinheiro. E são diferentes entre si nos seus muitos detalhes, como cor de cabelos, de olhos, estatura e até DNA, enquanto com o dinheiro não há diferença entre moedas e cédulas de mesmo valor, são todas iguais em tamanho, forma e cor - com exceção da numeração de série, no caso das cédulas.

Mas tudo bem, encontrar diferenças entre dinheiro e pessoas é até simples, mas o quê exatamente haveria de semelhante entre eles? Bom, eu poderia dizer que as pessoas falam, mas muitas vezes o dinheiro fala mais alto; pessoas pensam, mas muitas vezes quem decide a questão é o dinheiro, só que seguindo esta lógica de raciocínio eu seria imediatamente refutado, por estar utilizando figuras de linguagem que somente tomadas ao pé da letra poderiam atribuir semelhança. Então como encontrar semelhanças entre dinheiro e pessoas sem recorrer a trocadilhos e metáforas? A conclusão a que cheguei, concordem vocês comigo ou não, é simples e ao mesmo tempo complexa: convenção social.

Analisando sob este aspecto, tanto o valor do dinheiro quanto das pessoas é convencionado socialmente, e esta convenção em ambos os casos vêm se modificando no decorrer da história. Mas vamos nos ater ao momento atual, porque fazer uma análise histórico-evolutiva minuciosa seria um tanto demorado e cansativo.

O dinheiro surgiu como uma forma de equalizar as relações comerciais entre diferentes países ou sociedades, como forma de evitar conflitos. Inicialmente este valor de troca era algum produto, como o sal, por exemplo, e ao longo da história chegamos às atuais moedas, de papel, metal, e ainda com o avanço das tecnologias, o dinheiro eletrônico. Olhando mais de perto cada um deles, não passam de papel, metal fundido e cunhado, e códigos binários numa rede de informação; o que faz com que tenham relevância em transações comerciais é a sua convenção social, ou seja, as pessoas determinaram que aquela rodinha de metal fundido com um número 1 cunhado no meio dela vale 1 unidade monetária, que aquele papel colorido com um número 10 desenhado nele vale 10 unidades monetárias, que aquele código binário que resulta em uma seqüência numérica, por exemplo, de 1 seguido de 6 zeros, equivale a um milhão de unidades monetárias (provavelmente da conta bancária de algum político...).

Já as pessoas têm seu valor, ou status, também convencionado pela sociedade. A própria sociedade, em si, é uma organização convencionada pelas pessoas para que possam coexistir sem maiores conflitos. No decorrer da história, algumas pessoas chegaram a serem usadas inclusive como moeda de troca, como os escravos, por exemplo, e somente os homens tinham valor na sociedade, eram considerados como pessoas, ou cidadãos. Mais tarde – bem mais tarde – as mulheres conseguiram provar que eram tão (ou até mais) valiosas na sociedade quanto os homens, e conseguiram também ter o seu reconhecimento social, apesar de ainda hoje, em muitas áreas este valor da mulher ficar ainda abaixo do valor dos homens. E, com o advento da tecnologia, surgiram também as pessoas virtuais, seqüências de códigos binários que representam pessoas e são aceitas socialmente como tal. Hoje em dia, muitas pessoas fazem parte de sites de grupos virtuais, como orkut, gazaag ou outros, e neles criam sua personalidade virtual, sua convenção eletrônica, que muitas vezes não tem absolutamente nada a ver com a versão física, e para as outras pessoas que não as conhecem pessoalmente, o valorizado é o amigo eletrônico, e não a pessoa real.

E o mais sinistro: muitas pessoas também passam a colecionar amigos virtuais, adicionando e pedindo pra serem adicionados por outras pessoas com as quais não têm o menos envolvimento ou contato, apenas para engordar a sua conta de amigos virtuais, e poder dizer que tem não sei quantos mil amigos, sendo que não sabe nem o nome de cada um deles. É mais ou menos como uma conta bancária de amigos: assim como o dinheiro, eu não tenho contato com as moedas, mas sei que elas estão virtualmente no meu banco. Se um dia eu precisar, eu vou lá e resgato; já no site, eu não tenho o menor contato com aqueles amigos, mas se um dia eu precisar, posso buscar alguém lá pra conversar. A diferença é que, desde que eu tenha saldo na conta, o dinheiro nunca vai se negar a ser gasto, já no caso das pessoas nem sempre eu vou encontrá-las disponíveis pra me ajudar.

Infelizmente essa semelhança entre dinheiro e pessoas não se restringe ao mundo virtual, no que diz respeito à depreciação de valor. Assim como existem moedas de diferentes valores, também as pessoas têm mais ou menos valor social, o que é chamado de status. Há aqueles considerados importantes, inacessíveis ao homem comum, como as notas de 100, que a gente sabe que existe mas se viu ao vivo foi uma, no máximo duas vezes na vida. Há o cidadão comum, classe média, que circula todos os dias por aí, e todos estão acostumados a ver e lidar todo dia, como as notas de 50, de 10, de 5... e tem também aquelas pessoas que são menos importantes na escala, que existem aos montes por aí, e quase ninguém repara. Alguns estão rasgados, amassados, sujos, como as notas de 1, outros a gente simplesmente passa por cima, quase não dá importância, como os centavos.

Alguns podem não concordar com essa minha análise comparativa, inclusive alegando que essa convenção social com relação às pessoas não se dá somente no âmbito da convivência, mas também existem laços de afinidade e relações de parentesco que atribuem valor às pessoas, o que não ocorre no caso do dinheiro. Bom, de certa forma sim, já que o amor de uma mãe por seu filho não pode ser comparado desta forma, mas o respeito entre membros de uma mesma família, as relações de obediência, de não procriação entre parentes próximos, são padrões convencionados socialmente também, mesmo que não encontrem seus similares nas convenções monetárias (talvez nos títulos patrimoniais, ou ações, mas aí já não compreendo a área e não posso afirmar nada concreto a respeito). Agora uma coisa eu posso afirmar, pura e simplesmente como opinião pessoal: se as pessoas vissem o dinheiro apenas como o que são: pedaços de papel, metal, ou códigos binários, e conseguissem ver uns aos outros como iguais talvez o mundo fosse um pouco melhor do que é.

Åndarilho §amurai

Vazio §*

Ninguém disse que seria fácil...
mas nem sempre o caminho mais fácil é o melhor...

§

Nem sempre aquilo que entendemos é o mais certo...
mas nem sempre o mais certo é entender...

§

Nem sempre aquilo que pensamos é realmente verdade...
mas nem sempre pensamos de verdade...

§

Nem sempre um amor é para sempre...
mas nem sempre o que queremos ter pra sempre é amor...

§

Nem sempre uma amizade é totalmente correspondida...
às vezes nem chega a ser realmente compreendida como amizade...

§

Nem sempre os planos dão certo...
mas nem sempre o certo é ter planos...

§

Nem sempre existe uma razão pras coisas acontecerem...
mas tudo sempre tem sua razão de ser...

§

Nem sempre o que queremos é realmente o melhor...
e quando não acontece o que queremos, e acontece o que é melhor, não parece ser o melhor... não por que não seja, mas porque não acreditamos que seja...

§

A desilusão quase sempre traz consigo um vazio...
mas na verdade, o vazio é a verdadeira ilusão.

§

O quê? não sabe o que vem a seguir? Pra onde ir?
O que está por vir não é importante...

§

O que importa é onde estamos agora... o resto é Vazio.

§§§

(*) Este texto encerra a fase de perfis orkutianos de 2004, a partir de agora postarei textos inéditos, talvez com uma freqüência um pouco menor. ;c)

Andarilho §amurai

The Dreamer §



Sonhadores:

Loucos destemidos, que acreditam que tudo podem, mesmo podendo absolutamente nada. E, pior ainda, podem absolutamente nada, e ainda assim conseguem, ninguém sabe como, atingir o inatingível, realizar o inimaginável – por aqueles que não têm a mesma gana de sonhar. E, ainda assim, não se sentem completamente satisfeitos, pois quando alcançam e realizam um sonho, já estão sonhando além.

§

Impossível dissuadi-los, mais ainda tentar fazê-lo, porque não se pode alcançar correndo quem está alçando vôo. Seus opositores – os céticos – bem que tentam, mas não têm como atingi-los. Às vezes um sonhador cai, mas apenas para se reerguer novamente, triunfante no sonho de vitória que vive no seu íntimo.

§

Um sonhador nunca está sozinho, porque sempre acredita naqueles que podem ajudá-lo na realização do sonho. E, mesmo que essas amizades se mostrem falsas, ainda assim, crê que a solidão o acompanha, e então compartilha de sua companhia até encontrar outros companheiros de jornada. O que leva apenas alguns segundos, porque os sonhadores são muitos e se reconhecem facilmente... Alguns céticos tentam se passar por sonhadores, pra tentar se aproximar o suficiente e impedir o sonho, mas nunca conseguem manter a farsa por muito tempo... para os céticos o sonho irrita, incomoda. Não o sonho em si, mas a possibilidade que outros consigam realizar aquilo que eles próprios se julgam incapazes de conseguir.

§

Na verdade, os céticos temem os sonhadores... porque sabem que para conseguir impedi-los precisam alcançá-los, e só é possível alcançar um sonhador dentro dos seus sonhos, porque não existem fora deles... E uma vez dentro do sonho, não há cético que resista sem se tornar também um sonhador.

§

A propósito... Seriam os Deuses... Sonhadores? Pode apostar que sim!

£ight & Darknes§ (04/11/2005)

Positivo e negativo...

Bem e mal....

Certo e errado...

Luz e escuridão...

£§

O universo é feito de dois pólos, e um não existe sem o outro, porque os dois são duas faces de uma mesma energia, não existem separadamente. Viver é estar em um dos lados, ou em ambos, o tempo inteiro oscilando, num fluxo contínuo.

O segredo da vida em harmonia está em não negar um lado em favor do outro, mas aceitar os dois lados, para poder equilibrá-los. É a única maneira de realmente abraçar o universo que existe dentro e fora de nós mesmos, e então compreender o mundo totalmente. Mas é sempre mais fácil escolher somente um lado, e negar o outro...

£§

Imagine o universo como sendo uma moeda sobre uma mesa: duas faces, cara e coroa; dois pólos, positivo e negativo. Agora pegue este universo com as mãos, mas apenas o lado bom, porque ninguém quer o lado ruim pra si, não é mesmo? Então... como pegar apenas uma parte do universo? Impossível. Quando abraçamos o universo, nossa vida, nosso mundo, estamos recebendo-o completo; por mais que queiramos negar, o lado negativo está lá, sempre está.

A solução: pegar a moeda (universo) pelas bordas, ou seja, abraçar ambos os lados de forma igual. Fácil? Nenhum pouco... mais fácil seria pegá-la pelas superfícies maiores, do que por uma borda tão tênue... Agora perceba o seguinte: além de ser extremamente difícil pegar uma moeda pela borda, sem tocar nos dois lados, nos dois pólos, ainda seria possível, imaginando-se o universo como uma moeda sobre uma mesa. Acontece que o universo não está estático, está sempre em movimento, sempre ocorrendo em ciclos infinitos e mais velozes do que o pensamento. Então imagine esta moeda sobre a mesa agora girando, tão rápido que mais parece uma esfera... qual a probabilidade se pegar esta moeda com os dedos, tocando só na sua borda, e não nas duas faces? Impossível? Não... mas extremamente difícil.

£§

Viver em equilíbrio é abraçar o universo em sua plenitude, sem polarizar, mas abraçando e reconhecendo ambos os lados de forma tão igual, que seria impossível o mal prevalecer sobre o bem... e então o bem não precisaria prevalecer sobre o mal, e não existiria conflito. É, de todos os caminhos que se pode escolher, o mais difícil... mas quem disse que seria fácil?

£§

§haman Elemental (21/10/2005)


Minha mente é fogo... incandescente, vivo, eterno. Não há limites que ela não possa ultrapassar, e não há nada que minha mente alcance que não possa ser realizado.

§

Meu corpo é terra... ligado ao planeta, ao mundo físico que me cerca. Desmancha e se refaz a todo instante. Perecível, suscetível à erosão do tempo. Aparentemente limitado, porém quando moldado com água e fogo, e levado pelo ar, constitui uma fortaleza imbatível e impenetrável ao mais forte dos inimigos.

§

Meu coração é água, fluente, maleável, sem forma definida... molda-se a partir de onde estiver... altamente adaptável... pode ser sólido e duro como gelo, ou simplesmente evaporar, dependendo de onde estiver guardado e de como lidarem com ele. Nasce de uma única fonte, mas corre por muitos lugares. É o que molda a terra, fornece o oxigênio do ar, que por sua vez alimenta o fogo.

§

O ar é o sopro da Vida, o fluxo constante de energia que permite que o fogo se alimente, que a água flua, que a terra respire. Sem ar, não há fogo, não há fluxo na água, não há vida na terra.

§

O equilíbrio dos quatro elementos é a chave para o equilíbrio da vida. Dominar fogo, terra, água e ar é ter o controle de si mesmo.

Ausência

(perfil orkutiano publicado em 07/10/2005)

"Na minha vida, só o que permanece é a certeza de jamais ter errado mais do que aprendido".

§

Minha vida ocorre em ciclos, constantemente se refazendo, terminando e recomeçando constantemente, vários ciclos andando juntos, em ritmos diferentes, tantos ciclos simultâneos que minha existência racional mal consegue assimilar um décimo deles...

§

No entanto, aleatoriamente, ocorrem momentos de confluência de ciclos, onde todos, por mais assincrônicos que sejam, convergem sua etapa final em um mesmo momento: a Ausência. Essa ausência, mesmo que ocorra por milésimos de segundos – já que cada ciclo tem seu ritmo próprio, e logo um deles reinicia, encerrando o período de ausência – não passa nunca despercebida...

§

Uma confluência energética é muito mais forte do que todos os ciclos vitais ocorrendo ao mesmo tempo. É esse momento de ausência que me faz perguntar: e agora? Pra onde seguir? E, antes que, nesta bilionésima fração de segundo, eu encontre uma resposta – ou mesmo um sentido em tentar responder a essa pergunta – a ausência passa, mas não totalmente: fica ainda o vazio da questão em aberto... um infinito de possibilidades não previstas. Os ciclos vindouros trarão a resposta...

§

E o Andarilho segue jornada, encerrando seu ciclo orkutiano.. até que um novo ciclo inicie....


Andarilho §amurai

O Adeus do Andarilho

(perfil orkutiano de 30/09/2005)

O tempo está passando...

§ TEMPO: mera ilusão criada pelos homens pra tentar dimensionar e controlar a vida.

§ VIDA: algo que não tem controle, não importa os planos que se faça, sempre acontece algo imprevisto que vira tudo de ponta-cabeça.

§ IMPREVISTOS: previsões não alcançadas pelas pessoas, que estão tão acostumadas a não querer enxergar a vida ao seu redor, que só a percebem quando já é tarde para estarem preparados pra qualquer mudança repentina; acontecimentos que já se prenunciavam há muito tempo, porém não eram vistos ou não se queria reconhecer, até que se torna inevitável.

§ INEVITÁVEL: aquilo que se acredita não ter forças pra mudar.

§ FORÇA: energia muitas vezes confundida com massa muscular, ou capacidade física. Depende muito mais da vontade do que de qualquer coisa, sendo que a maior força da humanidade – e a menos reconhecida como tal - é a sabedoria.

§ SABEDORIA: aprender com cada experiência da vida, e nunca esquecer que, por mais que se tenha aprendido, nunca se deve parar de aprender, e que mesmo que alguém não tenha tanto conhecimento quanto nós, ainda assim pode nos ensinar alguma coisa nova.

§ COISAS NOVAS: memórias de outras caminhadas, que com a distância se apagaram de nossa memória mais imediata.

§ IMEDIATO: aquilo que está aqui, agora, à nossa volta, em nossa consciência.

§ CONSCIÊNCIA: ver as coisas como realmente são, e não como se apresentam ao longo do caminho.

§ CAMINHO: aquele que escolhemos, a cada segundo, a cada passo de nossas vidas.

Não tenho muito a dizer, ainda tenho muito a compreender para que então seja possível expressar algo em palavras. Cada passo da minha caminhada me traz tantas memórias, tantas lições, tantos sentimentos, que mal assimilo o suficiente para poder dar o próximo passo. Parar para tentar compreender tudo isso levaria tantas vidas que provavelmente eu deixaria de ser um andarilho, e me tornaria uma estátua, porque no afã de compreender a vida, acabaria me esquecendo de viver.

Pergunto-me às vezes qual a razão disso tudo, porquê sigo caminhando sem ao menos saber para onde estou indo, ou aonde vou chegar, se é que o objetivo da vida é chegar em algum lugar (provavelmente no dia que alguém finalmente chegar em algum lugar, dificilmente pensará em voltar para contar aos demais, por medo de nunca mais encontrar o caminho).

O que importa dizer agora é que cada pessoa, momento, lição, alegria, tristeza, obstáculo, tropeço, reequilíbrio, retomada, enfim, cada passo dessa jornada é único, assim como cada companheiro de viagem também o é. No entanto, chegam momentos em que é necessário tomar novos rumos, novas trilhas, e nem sempre é possível continuar contando com todos os companheiros de viagem, cada um tem o seu caminho a seguir, sua história pra escrever, ou simplesmente entender, caso não queira compartilhar a jornada. É chegado o momento então de tomar um novo rumo, e por mais que seja triste dizer até logo (sim, até logo, porque não existe adeus, sempre vamos nos encontrar, mais cedo ou mais tarde), um dia quando nos depararmos novamente, um caminhando ao lado do outro, sentiremos a alegria imensa de dizer olá.

Há muito a ser feito, a ser dito, a ser vivido, mas infelizmente as pessoas deixam pra mais tarde, acreditando que sempre haverá tempo para isso depois. Mas o tempo está passando....

Andarilho §amurai

Andarilho §amurai - Ano 30

O apelido de Andarilho surgiu ano passado, a partir da definição de uma amiga, referindo-se ao meu hábito de fazer longas caminhadas. Foi quando resolvi modificar meu perfil do Orkut pela primeira vez, e adotei de vez o pseudônimo, agregando o Samurai (que depois teria sua inicial modificada para §), pela minha identificação com a cultura oriental:

"Apenas um andarilho, perdido pela estrada da vida, conhecendo lugares e pessoas, mas sempre seguindo viagem. É uma caminhada difícil, mas quem disse que seria fácil?"


§§§

Algumas pérolas descobertas pelo caminho:

§ "A experiência nos impede de repetir erros, desde que não nos tornemos arrogantes demais pra admitir que precisamos continuar aprendendo”;

§ "Felicidade é estarmos certos de que estamos onde queremos estar, fazendo o que queremos fazer, e compartilhando isso com quem realmente é importante pra nós. Mas a felicidade não está no lugar onde estamos, nas coisas que fazemos ou nas pessoas com quem compartilhamos: a felicidade está dentro de nós mesmos”.

§ "Não há erro que não traga uma lição, não há fracasso que não traga crescimento, e não há amor que seja impossível, porque o verdadeiro amor independe de reciprocidade".


§§§

Com este texto, publicado hoje no perfil do Orkut, encerra-se a fase textual orkutiana e inicia-se A Jornada do Andarilho §amurai nesta nova casa.


Andarilho §amurai

Construindo o Lar

A partir de Janeiro começarei a postar meus textos, iniciando pelos pensamentos orkutianos, a título de registro público e para que aqueles que gostaram das mensagens que foram compartilhadas por lá possam reler quando quiserem.

Os pensamentos orkutianos de 2005 estão encerrando com o último perfil do ano, inaugurado hoje, com uma reflexão para o novo ciclo que inicia no próximo dia 01.

Abraços a todos que visitarem este espaço, agora ou apartir do próximo ano... até o final do mês não irei postar nada, primeiro preciso construir a casa para depois receber as visitas... mas podem passar pra dizer alô se quiserem ;c)
Ah, e não reparem se encontrarem a casa toda bagunçada... sabe como é, construção leva um tempinho e gera alguma bagunça :cp

Abraços

Andarilho §amurai