Declaração in-pessoal...

Era uma vez alguém
que ouviu o que eu disse a ele.
Resolveu contar a ninguém
pois daquilo que eu falava
por mais que alguém lesse e relesse
certamente ninguém entenderia.

Mas por mais que ninguém pudesse entender
tudo aquilo que eu dizia
somente alguém podia reconhecer
não importando se ninguém mais soubesse
o quanto eu era especial
como ninguém jamais seria.

E ainda que eu não entendesse
como alguém de alguma forma saberia
mesmo que tu, ele, ela, nós, vós
ninguém ou todos eles discordassem
a certeza ainda permaneceria.

Outros tempos, outros espaços
distâncias e silêncios tornariam.
Nos tantos caminhos eu pensava
que amor ou admiração não merecia.

De tudo alguém sabe de nada.
De nada alguém vê o que seria.
E ainda se eu lhe contasse
certeza alguém não perderia.

E se alguém eu percebesse
o que no silêncio dizia
talvez então compreendesse
que por mais longe e ausente eu vivesse
presente e perto alguém sempre estaria.

ŧ



...e nada mais, pessoal.

Esse foi o último post do blog.

O ano que passou foi algo diferente, em todos os sentidos e de formas totalmente inesperadas. Inesperado como tem sido a minha vida ao longo desses não-vem-ao-caso-quantos anos. Mas, enfim, foi um ano que me trouxe muito, ao mesmo tempo em que me deu absolutamente nada. Um ano que valeu uma década, e passou como um segundo apenas. Um segundo parado no espaço, que sem me mover mais do que a distância entre meus braços me fez tocar o mundo inteiro, sem sentir absolutamente nada, de fato. Um ano em que estive cercado por tanta gente, e não pude deixar de me sentir mais só do que nunca.

Penso e vejo tudo o que acontece ao meu redor, e cada vez mais percebo o quanto as coisas realmente importantes pra mim são muitas vezes tão diferentes daquilo que tanto importa para outros, em maioria. E, talvez, sim, seja eu o louco, por acreditar que possa estar de alguma forma certo naquilo em que acredito. Mas ainda prefiro as minhas certezas incertas a certas incertezas que vejo o tempo inteiro, todos os dias.

Encerro por aqui essa Jornada... E se algum desses passos puder ser – algum dia, de alguma forma – útil a alguém, sintam-se à vontade para compartilhá-los com seus companheiros de viagem. Se não, tudo bem. A lembrança do que passou serve apenas como guia para novos caminhos que - queiramos ou não - virão e nos farão mover, independente da nossa vontade, independente dos nossos planos ou (in)certezas.

Não desejo um feliz natal, ou mesmo um feliz próximo ano, porque mesmo a noção do que é felicidade é relativa ao que esperamos que aconteça... e o que quer que aconteça nunca será exatamente aquilo que esperamos, porque o que quer que possamos esperar estará sempre aquém daquilo que podemos realmente fazer acontecer, no momento em que deixamos de esperar.

Sendo assim, desejo apenas que cada um encontre aquilo que veio buscar, não importa de onde esteja vindo, nem se faz alguma idéia de para onde irá, ou mesmo do que acredita procurar. E, acima de tudo, que entendam que o final de cada jornada não traz mais do que cada passo já lhes trouxe... traz apenas mais um passo, o passo final – e, ao mesmo tempo, inicial.

Quanto a mim, sigo andarilho
rumo ao familiar desconhecido

não peço mais do que consigo merecer
não recebo mais do que possam me dar

não vou aonde não sou convidado
não fico onde não me sinto bem-vindo

não tenho medo de voar por não ter asas
e vôo mais alto do que podem as palavras

não digo nada que não possa ser entendido
mas nada digo, que não tenha mais
do que somente um sentido.

Fabricio “Åndarilho §amurai” Sortica

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