Distância

A distância nada mais é do que uma ânsia, que dista de um ponto a outro no universo; um afã, de ultrapassar os limites do físico, de ir além da própria razão, de alcançar o inalcançável.

Já o inalcançável, é o in-alcançável; aquilo que somente pode ser alcançado no íntimo da nossa própria consciência, e como tal, incompreensível para qualquer outro ser que não esteja também lá, vendo tudo pela nossa perspectiva interior.

O incompreensível, no entanto, é também o in-compreensível; aquilo que se entende de uma forma tão plena, e tão complexa, que nosso parco idioma verbal e escrito não consegue definir de uma forma que consiga aplacar aquele incômodo ínfimo da razão, que se depara imóvel diante de algo tão maior que, por mais que erga sua cabeça e espiche seus olhos, não consegue contemplar o todo.

Já o todo, é tudo o que é... compreensível, alcançável, ínfimo e universal; a proximidade de fazer parte desse todo é que o torna in-compreensível, e a distância é que faz com este todo seja tão ínfimo, que se torna incompreensível explicar algo tão mínimo comparado com a nossa consciência.

Consciência... nada mais do que com-ciência; estar ciente de que absolutamente nada do que foi dito ou pensado até este momento tem alguma serventia maior do que a nossa própria noção daquilo que rege o universo.

Mas o que é o universo, senão unir versos, sentenças palavras, códigos que só fazem algum significado para aqueles que conseguem decifrá-los... e ainda assim, têm tantos significados que decifrá-los nada mais é que ler novos códigos, que podem ser interpretados de tantas formas que talvez nunca sejam realmente entendidos... ou quem sabe o sejam, de diferentes formas, em diferentes épocas, através dos mesmo olhos.


Åndarilho §amurai