Ele partiu. Não como quem sai à procura de um lugar melhor, de um destino certo, de um futuro, enfim. Simplesmente partiu. Por quê? Não sei se ele realmente sabia. Não quando partiu.
Partiu porque não havia mais lugar pra ele. Porque, se ficasse e lutasse, não descansaria nem por um segundo, durante o que seria sentido como uma eternidade. E certamente acabaria partindo-se assim mesmo. Preferiu partir de uma vez, a partir aos pedaços.
Partiu e vagou, no limbo e sem direção. Sem saber o quanto haveria de vagar, não o preocupava aonde chegar. Vagou e cansou. Cansou e parou. Parou e encontrou um lugar onde podia ficar. Mesmo sem saber por quê ficar. Ficou, descansou. E até esqueceu. Sim, por um tempo ele – ao menos acreditou que – esqueceu. Mas, de fato, havia partido. E, uma vez tendo partido, não havia como esquecer. Não totalmente.
Totalmente descansado, acordou. Acordou e percebeu que por mais que acreditasse estar longe, em alguns momentos, por segundos que fosse, ainda estava lá. Onde tudo começou. E então, percebeu o quanto havia realmente partido. Partido a ponto de nunca partir. Partido a ponto de não encontrar mais lugar, de nem ao menos saber se havia como não mais partir. Mas sentiu que havia de – poderia... será? – tentar.
Antes de pensar em partir, já havia partido; quando pensou em voltar, não sabia mais se havia voltado. Só sabia que já não havia mais partido, não havia mais escolha. Mas não sabia se ganhara ou fora derrotado. Ou se um dia ganharia. Ou mesmo se havia como – ou mesmo o quê – ganhar. Sentia apenas que havia voltado, mesmo sem saber de onde, nem por quanto tempo, e muito menos porquê.
Apenas sabia que, afinal, nunca havia partido.
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