Efêmero

Fim de mais um longo dia. Deito na cama, já tarde da noite, e fecho os olhos.

Penso no dia que passou, em todas as correrias, stress, confusões, coisas a resolver...

E jogo tudo pra trás.

Penso no dia que vai começar, seus compromissos, agendas e desafios...

E jogo tudo adiante.

Penso no que restou. O vazio, o silêncio, o frio... de repente, no meio do nada, dos recantos mais longínquos escondidos no fundo de todas as confusões passadas e futuras, ela surge.

Aos poucos a imagem vai se formando, fixando, e se tornando quase palpável na escuridão diante de mim. Seu calor em segundos me envolve, começa a me aquecer. E meu coração acelera.

Acelera porque estou prestes a reconhecê-la; já sei na verdade quem é, mas estou enfim a ponto de vê-la, nitidamente diante de meus olhos, de finalmente reencontrá-la.

E jogo tudo fora.

Rapidamente a imagem desaparece, o frio toma conta, engasgo e começo a tossir, recuperando aos poucos o fôlego que me fora tomado pelo momento. De volta ao frio, ao silêncio e ao vazio que precedem mais um longo dia.

E jogo tudo de novo.

ŧ

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